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No seguimento da peça Carta a Kundera (escrita em 2007), Cartas a Mia (2012) representa a minha segunda homenagem a um escritor que, de uma forma mais ou menos indireta, tem estado presente na minha vida artística.
Mia Couto é natural de Moçambique e escreve, entre muitas outras coisas, acerca das lendas, motivações, depressões e sonhos do povo da sua terra.
Estas cartas não têm a intenção de ser descritivas mas… cartas. Como quem escreve uma carta a uma outra pessoa, estas falam mais do remetente do que do destinatário.
Para cada um dos primeiros 4 andamentos, inspirei-me em pequenas frases retiradas de diferentes livros de Mia Couto, completamente removidas do seu contexto original. O meu interesse nestas pequenas linhas foi principalmente fonético. Assim:

I. – …nem barulho nem era.
II. – …divagar, devagar…
III. - …se cintilhaçou em mil estrelinhações.
IV. - …o silêncio é música em estado de gravidez.

V. – Nota do tradutor

Evento/Concerto/Projecto Semana da Composição 2019

...from the last breath

Nasce graças a uma série de acontecimentos negativos pela qual atravessei no de 2013 e 2014. Esta quer retratar um vasto número de sentimentos como sofrimento, dor, desespero; mas também mostrar uma que é possível erguer e continuar.

A peça conta com três secções interligadas entre elas: Primeiramente com uma parte lenta no início onde pretendo demostrar a instabilidade, o sentimento de sofrimento e dor. No entanto, ainda nesta secção uma “luz” ao fundo do túnel faz-se ver. Na segunda secção, uma parte contra-estante que mostra a sensação de ansiedade e inquietação. Finalmente a última secção onde pretendi retratar então uma imagem positiva, de continuação.

2019

Ex-Centro

Centro  
Concêntrico  
Concentro  
Com Centro  
Sem Centro  
Excêntrico  
Ex-Centro.  
Um objecto com um centro  
Ou um ex-centro  
Destabilizado.  
Uma calma concêntrica  
Ou uma energia excêntrica?  

2018

Run

A peça “Run”, finalizada em 2017, é uma primeira experiência ambos na escrita para a Orquestra Contemporânea da Universidade de Évora e na escrita baseada em material cinematográfico, onde o tema é inspirado no filme “Forrest Gump”.

A peça, no formato de A/B/Coda, inicia com a apresentação do tema, que é desenvolvido de forma contrapontística até à ponte para a secção B, onde as Cordas tocam em conjunto num compasso que diminui progressivamente. Na secção B o tema é retrabalhado novamente em contraponto, numa textura mais leve, e priorizando os Sopros e as Guitarras. Finalizando, segue-se uma ponte para a Coda, onde as Cordas tocam em pizzicato em conjunto com o Vibrafone, seguido da demonstração final do tema em tutti orquestral na Coda.

Evento/Concerto/Projecto Semana da Composição 2018

Notas sobre Estudos e Interlúdios para 6 percussionistas
A questão do ritmo pode ser formulada entre duas visões complementares: o ritmo como pulsação ou como duração. A associação excessiva entre a pulsação regular e o sistema tonal resultou históricamente numa predominância parcial da atitude favorável à anti-pulsação regular. As últimas décadas tem vindo a transformar, senão a inverter, esta posição. Parti para esta peça com a ideia de alternar Estudos sobre pulsação regular - mais lenta ou mais rápida, com subdivisões internas variáveis e modulações métricas - para usar o termo de Elliott Carter- e Interlúdios onde, face à própria natureza dos timbres utilizados- gongs e tam-tams- a expansão das figuras, mesmo que regulares, produzissem um contraste radical. A instrumentação dos Estudos priveligia instrumentos de percussão da família das marimbas e vibrafones. Cada um dos Estudos tem um problema específico ao mesmo tempo técnico e composicional, na instrutiva tradição que vai de Chopin e Debussy até ao Ligeti recente. Esta obra é constituída por 3 Estudos e 3 Interlúdios.. Foi composta na dupla perspectiva de permitir a execução de cada Estudo separadamente, dos 3 Interlúdios como peça autónoma, além da sua execução no todo na ordem da partitura: Estudo Coral/ Fractal; Interlúdio I; Estudo Cromático a) b); Interlúdio III; Estudo de Pulsação e Métrica; Interlúdio II e Estudo Coral Final. Este estudo só deve ser tocado na execução integral.


António Pinho Vargas 2000

[Neste concerto foram apresentados apenas os andamentos "Estudo Coral" e "Estudo Cromático".]

Partitura disponivel em:
https://www.editions-ava.com/pt/estudos-e-interl%C3%BAdios

Evento/Concerto/Projecto Semana da Composição 2018
Instrumento(s)
2018

Tertúlia

Tertúlia (2018) é uma obra composta para o Grupo de Música Contemporânea da Universidade de Évora; é uma de dez peças escritas para a respectiva formação anual deste grupo.
A peça é uma sequência de várias secções de características diferentes. A duração variável de cada uma destas secções define certos pesos diferentes e constantemente flutuantes, alterando assim a perspectiva com que se aprecia cada tipo de música.
Em termos objetivos, a forma é: ABACBADBCABDCDE. Cada uma das secções A, Be Cé de tamanho diferente; apenas a secção De sempre do mesmo tamanho. A secção E(a última) é a maior de todas.
A pluralidade de tipos diferentes de música e as intervenções alternadas de todos os instrumentos cria uma verdadeira mesa redonda em que todos têm a oportunidade de contribuir à conversa musical coletiva.

“Prelúdio para uma noite em mar alto” é uma peça composta para o festival Peças Frescas Açores 2016. A mesma partiu duma reflexão do compositor sobre um dos ofícios mais complicados de todos: o da pesca. A música pretende enunciar a inquietação e o nervosismo dum pescador no momento antes de embarcar. No entanto há coisas que, por mais que imaginemos, nunca conseguiremos saber como são na realidade. Como será estar sozinho? Quão difícil será regressar? Vai-se regressar sequer? E se não se regressar? O que se deixa para trás? Quantos vão chorar? Só quem poderá responder a estas e outras perguntas são as pessoas que a peça tenta representar. Muitos de nós nunca poderão respondê-las, pois (graças a sacríficio dos primeiros) nós nunca saberemos o que é passar uma noite em mar alto.

Pedro Moreno-Beirão

Evento/Concerto/Projecto Semana da Composição 2017
Instrumento(s)

“Positive messages in a falling apart world” vem da minha análise e ponto de vista, num sentido mais global, acerca do mundo em que vivemos. Proponho-me a criar uma narrativa que entrelaça momentos catastróficos com pontos de luz que criam serenidade, tal como momentos de alívio e felicidade num mundo em constante degradação e guerra. Por isso baseei a peça num poema de Fernando Pessoa que retrata em pleno esta visão, quando “em plena vida e violência (…) a mente já desperta da noção falsa de viver”, “vê que pela janela aberta há uma paisagem toda incerta, um sonho todo a apetecer”.

Philippina é uma dedicatória ao corpo vivo. Ao seu movimento. À sua capacidade de nunca ficar estático por completo. Todos os gestos musicais presentes querem refletir uma imagem de dois bailarinos e a sua linguagem corporal, a sua luminosidade.

Philippina Bausch foi a minha companhia. O maestro Alberto Roque, o João e o Marco, a minha certeza. A eles dedico esta revolução em mim.

Esta peça faz parte de um estudo que tenho vindo a desenvolver sobre gesto musical, com o tema: “Gesto – a Música sobre um plano coreográfico”. O objecto artístico final terá dois bailarinos em palco, acompanhados pelos solistas e pela orquestra.

A obra Sopro do Côncavo foi composta no âmbito do III Concurso Nacional de Composição da Banda Sinfónica Portuguesa tendo sido posteriormente premiada e dirigida na sua estreia pelo Maestro Pedro Neves, na Sala Suggia da Casa da Música, no Porto, em Fevereiro de 2015. [em 2017 a obra foi revista pelo compositor.] De uma perspetiva muito abstrata e direcionada para a forma da peça, assistimos três momentos que refiro nestas breves notas pela importância que eles representaram para mim na estrutura poética da obra. Inicialmente o vazio que nos leva à profundidade seguida por uma panorâmica de tensão. Concretizado o nascimento da peça, ouvimos um sopro, ganhamos a coragem para proferir o verbo, somos vivos e enérgicos. No fim, contraímos o peito para dentro, pouco a pouco voltamos atrás no tempo e morremos sozinhos, como era princípio (…). Sopro do Côncavo é um olhar sobre a criação, sobre a existência que parte deste vazio despido de conforto. Uma busca eterna pela solidão que reflete o ascendente mais nobre que há em nós. Sopro é a coragem para existir e a vontade de exprimir a poesia. Côncavo é o espaço que fica por detrás da origem, é a profundidade e a nova dimensão.

Pedro Lima Soares

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