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Encomenda da Arte no Tempo para o projecto “Nova Música para Novos Músicos”.
Curta miniatura didática onde a relação entre um gesto instável, composto de pequenos sons sobrepostos, e um gesto longo, ressonante, formam a dicotomia que dirige a peça. Ambos coexistem, sendo a sua predominância desencadeada pelo material musical apresentado pelo instrumento acústico.
“...from the last breath”
Nasce graças a uma série de acontecimentos negativos pela qual atravessei no de 2013 e 2014. Esta quer retratar um vasto número de sentimentos como sofrimento, dor, desespero; mas também mostrar uma que é possível erguer e continuar.
A peça conta com três secções interligadas entre elas: Primeiramente com uma parte lenta no início onde pretendo demostrar a instabilidade, o sentimento de sofrimento e dor. No entanto, ainda nesta secção uma “luz” ao fundo do túnel faz-se ver. Na segunda secção, uma parte contra-estante que mostra a sensação de ansiedade e inquietação. Finalmente a última secção onde pretendi retratar então uma imagem positiva, de continuação.
Centro
Concêntrico
Concentro
Com Centro
Sem Centro
Excêntrico
Ex-Centro.
Um objecto com um centro
Ou um ex-centro
Destabilizado.
Uma calma concêntrica
Ou uma energia excêntrica?
Instante, para orquestra e electrónica, resulta de uma encomenda da RTP/Antena2 para o Concerto de Gala do Festival Jovens Músicos-edição de 2011. Trata-se de uma peça relativamente curta (cerca de dez minutos), articulada em 6 secções contrastantes.
Desde o início do processo de composição que a ideia de "radiofonia" esteve presente. Esta ideia origina a secção inicial, totalmente entregue à electrónica, e projecta-se mais à frente na forma da peça, através de mudanças rápidas entre secções aparentemente contrastantes. A electrónica, tão presente na parte inicial, vai perdendo protagonismo, pontuando apenas algumas passagens, regressando perto do fim, já não em oposição com a orquestra, mas antes em complementaridade e fusão.
Como mudar instante a instante, sem no entanto perder o arco global que liga o inicio ao fim?
Esta peça procura expor diferentes partes do dia de um indivíduo que se vê como uma peça de uma grande máquina, a Cidade.
A escrita desta obra deu-se no âmbito do meu mestrado em composição cujo objeto de estudo é a relação da pintura com a composição musical. Neste sentido, a escrita desta obra iniciou-se pelo estímulo visual de uma pintura de Wassily Kandinsky e da reflexão sobre o livro de Rudolf Arnheim: O Poder do Centro.
Os fatores determinantes na escolha da pintura foram a sua beleza e o facto de conter figuras geométricas bastante precisas – círculos, triângulos, linhas retas, entre outros – que parecem ter sido feitos com régua. O cuidado de escolher formas geométricas precisas, deve-se à definição dos seus contornos, possibilitando uma maior clareza dos gestos melódicos e harmónicos.
Redefinition…
Nos momentos que antecederam à sua composição, estava nas salas de percussão da Escola Superior de Música de Lisboa a experimentar/improvisar em alguns dos instrumentos que lá estavam. Quando toquei no brake drum apercebi-me que o som resultante era muito interessante e rico, por isso gravei-o e analisei-o. A diversidade, na análise, do som era completamente brilhante, assim retirei algumas das notas do espectro e usei-as como principais notas da obra. No piano construí, a partir daquelas notas, acordes, melodias e contraponto. O início da obra é a combinação entre o som real, descoberto naquele dia nas salas de percussão, juntamente com a fundamental da série dos harmónicos resultante daquele som gravado. Todas as notas seguintes são resultantes da primeira nota, ou fundamental. Por outro lado, a obra possui um carácter teatral onde é pretendido mudar a imagem que recebemos, mas manter o núcleo da fonte sonora no mesmo sítio. Para isso, os percursionistas, solistas, deslocar-se-ão pelo e fora do palco para criar esta ilusão. Ainda, a rotatividade e inacabamento das coisas: nunca nada está concluído, podemos pensar que sim numa determinada altura, mas a nossa percepção poderá mudar, ou não, ao longo do tempo.
Daniel Davis
Prana (sopro de vida) é, segundo as antigas escrituras da filosofia hindu, a energia vital universal que premeia o cosmos, absorvida pelos seres vivos através do ar que respiram. Acredita-se que utilizando vários gestos respiratórios, afim de exercitar e controlar a respiração, é possível controlar a fluidez da energia vital atingido determinados estados de espírito. Traduzir este arquétipo para um discurso musical foi umas das principais energias impulsionadoras para criação destas peça. A sua estrutura foi definida através de diferentes gestos esboçados com intuito de imitar um exercício respiratório, que se configura através de uma espécie de tensão (inspiração), distensão (expiração). Ao contorno (gesto global) que daí resulta e que se repete é aplicado um processo de variação, baseado na conjugação de elementos constantes com elementos variáveis. Este processo pode ser observado a uma micro escala ( dentro de uma secção) bem como a uma macro-escala (entre diferentes secções).
“Positive messages in a falling apart world” vem da minha análise e ponto de vista, num sentido mais global, acerca do mundo em que vivemos. Proponho-me a criar uma narrativa que entrelaça momentos catastróficos com pontos de luz que criam serenidade, tal como momentos de alívio e felicidade num mundo em constante degradação e guerra. Por isso baseei a peça num poema de Fernando Pessoa que retrata em pleno esta visão, quando “em plena vida e violência (…) a mente já desperta da noção falsa de viver”, “vê que pela janela aberta há uma paisagem toda incerta, um sonho todo a apetecer”.