A propósito de Prana
Texto Reflexivo
Prana é uma palavra sânscrita cuja tradução é “ar da vida” ou “força da vida”. Na China é conhecido como “cchi”, no Japão como “ki”, na Polinésia como “mana”. Está presente em todo o universo, tanto no macrocosmo (espaço) como no microcosmo (corpos de seres vivos). Seu fluxo adequado em nossos corpos reflecte-se numa mente e corpo equilibrado e saudável. Este equilíbrio é adquirido através de uma exercício respiratório, que está intrinsecamente conectado com contracção e dilação.
Neste pequeno texto introdutório são referidas algumas palavras-chave, tais como macrocosmo versus microcosmo; contracção versus dilatação, respiração, ar, força. Este são os elementos que estão subjacentes ao pensamento que deu origem a esta obra. Poderíamos então afirmar que a respiração está associada a estados de espíritos, assim como o reverso. O paradoxo aqui estabelecido é de suma importância, pois revela no seu íntimo a força geradora desta peça musical. Pensar em elementos que influenciam outros elementos que por sua vez estão a influenciar os elementos pelos quais foram influenciados. Poderíamos afirmar que este paradoxo está presente em qualquer acto de composição musical, e que embora existe um determinada percentagem de controlo sobre os acontecimentos, talvez esse controle seja apenas ilusório. Assim sendo nesta peça, decidi libertar-me desse controlo omnipresente e registar ideias no impulso do momento e assim criar uma amálgama de ideias sobre as quais mais tarde iria trabalhar e executar a função que a mim me foi consignada, compor.
Ingenuamente eu pensava que estava a incumbir numa pleno acto de libertação quase anárquica, quando me deparei que o facto de que todas as ideias estavam conectadas. Fragmentos pulverizados aqui e ali, numa organização que aparentemente parecia ao acaso. A pergunta que se levante é: Somos nós agentes controladores do nosso ser ou somos controlados por algo que existe em nós construído por nós mesmo. Será Ego será que algum dia conseguiremos libertar desse Ego.
João Ceitil