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Obras | Compositores
Ditados da Consciência é uma obra de cariz minimal repetitiva. Numa alusão à insistência da consciência de uma pessoa, ou de quase todas as pessoas, esta peça procura indagar, de um modo subjectivo, a dicotomia entre motivos verdadeiramente repetitivos, quais uma consciência um tanto ‘robótica’ do zeitgeist em que vivemos, e a idiossincrasia de um ser humano revelada por motivos ou frases melódicas, que se sobrepõem, ou não, a esse contínuo ascendente social, ou moral, sobre a individualidade que define cada um de nós.
Ausência |
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num País sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Artificial intelligence é uma obra que comecei a compor no final de 2019. Numa contemplação sobre a criação artística eu realizo uma comparação entre a entidade criadora e o conceito tecnológico de inteligência artificial. Deste modo realizo uma pseudo-sátira na produção das artes atualmente, nomeadamente, da música como um conjunto de processos pré-estruturados de forma “artificial”. Essa comparação entre a mente humana com a “mente” tecnologica vai estar sempre presente na obra, visto que eu tento realizar composicionalmente processos com características programadas/sequenciais
Sussurro de autómatos eléctricos, bzzz cling clang pim pum, o frémito dos utensílios e engenhos de todo o tipo que nos rodeiam o quotidiano, o contínuo entre concreto e abstracto, o ruído como bloco em bruto a partir do qual se esculpe um universo de possibilidades sonoras e, reciprocamente, os sons que em si carregam a memória ou a fantasia do ruído de onde brotaram. Puro e impuro. Um catálogo de transições, sinal quebrado, interrompido, cortado por intromissões, tanto ilídimas como forçosas. Uma melodia obstinada, ubíqua, uma vez e outra, a cada reinício numa roupagem única.
Nuno Trocado