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Obras | Compositores
Lisboa, em latim Ulyssippo, é a cidade evocada nesta peça para violoncelo, contrabaixo e electrónica. Os áudios da parte de eletrónica foram gravados na cidade de Lisboa e são captações do barulho do rio, das ruas, do vento, das obras, da rádio, do fado. Ao longo da peça, os instrumentos de cordas associam-se a esses mesmos sons do ambiente da cidade a partir de técnicas como os harmónicos, o uso de trémulos com os arcos, a percussão na madeira dos instrumentos, etc. A electrónica expande, simultaneamente, as sonoridades desses mesmos ambientes, reiterando os sons das obras, explorando os sons das gotas de água, alterando o som da rádio, etc. Esta peça, é, deste modo, um retrato sonoro da capital portuguesa, pintado a partir da matéria-prima que são os sons da mesma.
Encomenda da Arte no Tempo para o projecto “Nova Música para Novos Músicos”.
Curta miniatura didática onde a relação entre um gesto instável, composto de pequenos sons sobrepostos, e um gesto longo, ressonante, formam a dicotomia que dirige a peça. Ambos coexistem, sendo a sua predominância desencadeada pelo material musical apresentado pelo instrumento acústico.
Atoms, particles, samples, grains, etc. Depending on the point of view everything can be one, or be one of many. A ray of light is one, but composed of many particles. This is true not only with light, but with everything we know about this physical world. A sound is a set of small particles, our own body is made of cells, our own society is composed of people, etc. Scientists will probably disagree with me, but since I can only conclude that reality depends on our perception. A set of sound particles, are they a single sound or a cluster of small joints? I don't know, it depends, from that, I just mused all this thought.
Finalist at the 1st Francisco Martins Award 2017 by the Orquestra Clássica do Centro.
Text and voice by Júlia Durand.
Written in 2017 as part of the composition portfolio of my first year (1º) of master's degree at the Escola Superior de Música de Lisboa.
Paralaxe é a diferença na posição aparente de um objecto observado de pontos de vista distintos.
Esta peça pretende estabelecer uma relação entre o material musical e o espaço de escuta. A partir da analogia entre a flauta e o corredor, a som desenvolve processos mais ou menos lineares de atraso e reverberação, convidando os ouvintes a percorrerem o espaço e alterarem o seu ponto de escuta. A alteração da perspectiva sonora, e a utilização de elementos arquitectónicos como fontes sonoras pretende integrar a própria arquitectura no discurso musical.
Instante, para orquestra e electrónica, resulta de uma encomenda da RTP/Antena2 para o Concerto de Gala do Festival Jovens Músicos-edição de 2011. Trata-se de uma peça relativamente curta (cerca de dez minutos), articulada em 6 secções contrastantes.
Desde o início do processo de composição que a ideia de "radiofonia" esteve presente. Esta ideia origina a secção inicial, totalmente entregue à electrónica, e projecta-se mais à frente na forma da peça, através de mudanças rápidas entre secções aparentemente contrastantes. A electrónica, tão presente na parte inicial, vai perdendo protagonismo, pontuando apenas algumas passagens, regressando perto do fim, já não em oposição com a orquestra, mas antes em complementaridade e fusão.
Como mudar instante a instante, sem no entanto perder o arco global que liga o inicio ao fim?
“(…) Tired with all these, from these would I be gone,
Save that, to die, I leave my love alone.”
(William Shakespeare, Soneto 66)
Yliathim, no original arábico (hilyah) pode ser traduzido por estado, condição, aparência ou forma que limita um corpo.
Existe um período de tempo, momentos antes de adormecer e momentos antes de acordar, onde podem ocorrer alucinações tão ou mais fortes que qualquer sonho ou pesadelo. As alucinações hipnagógicas são as que ocorrem mesmo antes de adormecer.
Em criança, um vulto sombrio invadia o meu quarto todas as noites. Durante meses, acontecia diariamente.
Procurei refletir musicalmente a alucinação hipnagógica e o sentimento de uma criança que a tinha diariamente, até que decidiu um dia que esse seria o último.