Multidão I - Primeiro

Pedro F. Finisterra

Informação adicional

  • Media:
  • Partitura: Multidão I - Primeiro
  • Compositor(a): Pedro F. Finisterra
  • Ano de Composição: 2017
  • Instituição/Pólo: Escola Superior de Música de Lisboa
  • Categoria: Ópera/Teatro Musical
  • Instrumentação detalhada:

    Contratenor/1(afl).0.1(bcl).0.0/1.0.0.0/1perc/hrp/1.1.0.1.1

  • Duração Total: 14'00"
  • Duração: 10 - 15 min
  • Intérprete(s):

    Rui Vieira - contratenor
    Ensemble - dir. Diogo da Costa Ferreira

Este projecto surgiu da vontade em executar uma obra para contratenor diferente do repertório praticado habitualmente por este tipo de voz. Ao longo da investigação realizada com esse objectivo, constatámos a diminuta produção de obras contemporâneas de autores portugueses – as únicas com que nos cruzámos escritas especificamente para contratenor foram a ópera “Das Märchen” de Emmanuel Nunes, estreada no Teatro Nacional de São Carlos a 25 de Janeiro de 2008, em que a personagem Fogo-Fátuo foi interpretada pelo cantor de origem inglesa Andrew Watts, e a ópera “Os Dias Levantados” de António Pinho Vargas, estreada nesse teatro a 25 de Abril de 1998, com o cantor Nicolau Domingues na interpretação de Anjo. Assim, foi feito um convite a compositores do departamento de composição da Escola Superior de Música de Lisboa para escreverem uma obra com este fim. Pedro Finisterra, Miguel Diniz e Diogo da Costa Ferreira responderam ao desafio, aos quais se juntou o escritor Nuno Cruz, colaborador habitual de Pedro Finisterra, que escreveu o libreto. A história fala-nos de Rui, um rapaz com problemas de esquizofrenia e múltiplas personalidades, e do seu percurso pela vida em convívio com as várias “vozes” que tem dentro de si. Dessas vozes destacam-se três, exploradas pelos compositores em cada uma das três partes do libreto: Pedro Finisterra em “Primeiro”, Miguel Diniz em “Vera” e Diogo da Costa Ferreira em “Aquele”. Com este projecto pretende-se estimular a criação de obras para voz de contratenor, enriquecendo o repertório que habitualmente se costuma interpretar.

Rui Vieira, Outubro de 2018

A propósito de Multidão I - Primeiro

Sinopse
Entramos num ensaio geral, a preparação para um espetáculo que Rui há muito antecipava. O palco seria dele por uns momentos, e conseguia já imaginar a futura interpretação… O som, a música, o silêncio, seriam todos dele, a independência pela qual ele trabalhara durante tanto tempo. A multidão estaria lá para o aplaudir, essa ideia dava-lhe forças para continuar. Mas ele estava nervoso, tão nervoso, nunca tinha feito isto antes, não sozinho. Seria a altura dele brilhar, independentemente do medo que o pudesse assaltar neste preciso momento…

Nuno Cruz, Outubro de 2018

 

 

Multidão – I. Primeiro foi uma consequência directa do meu projecto final de Licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa, Contos da Criação: Lilith, uma peça de carácter operático para dois cantores, narrador e pequena orquestra de sopros que escrevi com o Nuno Cruz, na qual o Luís Madureira teve o papel de narrador na sua estreia. Foi algures pela altura em que Lilith estava a ser ensaiada que surgiu a ideia de se escrever um monodrama para um aluno de mestrado do Luís, o Rui Vieira. Logo se juntaram mais dois compositores colegas meus, o Miguel Diniz e o Diogo da Costa Ferreira, sendo que o Nuno Cruz foi convidado pelo próprio Luís a ser o libretista deste projecto.
Tendo ficado a meu cabo o primeiro acto, I. Primeiro, nesta peça explorei a psique do “Rui” (personagem principal que partilha o mesmo nome do cantor) e as suas subpersonalidades que estão presentes neste acto, que são, neste caso, o “Primeiro” e outras subpersonalidades menos desenvolvidas que nunca chegam a ser identificadas. O material musical da peça baseia-se na dualidade entre material de carácter modal e espectral, estando quase sempre apresentados numa forma híbrida.
Foi também nesta peça que escrevi pela primeira vez aquilo que se assemelha tradicionalmente a uma ária, “Ai o mar…”, um poema cantado pelo “Primeiro” que, metaforicamente, expõe o desenrolar do libreto. Embora se encontre relativamente perto do início da peça, este é o momento de maior peso emocional, onde faço uso de um motoric na harpa que depois é expandido nas cordas, sendo que volta a aparecer mais algumas vezes no desenrolar da peça. Momentos antes de esta secção culminar num clímax, faço uso de um acorde baseado na torção da série dos harmónicos de modo a ter características do modo dórico.
Este espectro torcido volta a aparecer mais perto do final da peça, onde é apresentado desta vez com alguns microtons, que são arredondamentos dos parciais desta série dos harmónicos torcida, dando-lhe um carácter mais instável, ilustrando o estado psicológico do Rui que se vai degradando com o desenrolar da peça.

 


 Toda a Ópera

Multidão I - Primeiro
Multidão II - Vera
Multidão III - Aquele

 

Pedro F. Finisterra

Nascido em Lisboa, 1994, estudou no Conservatório de Música de Santarém, concluindo os seus estudos em 2013. Fez a licenciatura em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa (2013-2016), tendo como orientadores Carlos Marecos, Carlos Caires e Luís Tinoco. Frequentou o Mestrado em Música – Ramo Composição sob orientação de Carlos Marecos. Em 2018 terminou um MA em Opera Making & Writing – Composition Path na Gui-ldhall School of Music and Drama, sob a orientação de Julian Philips. Foi baixista na Big Band Júnior (2010-2014), dirigida por Claus Nymark e é ainda um dos organizadores do festival “Peças Frescas – Edição Açores”, festival anual de música contemporânea portu-guesa que se realiza em Ponta Delgada. Obras que se destacam: “Eu não sei...” (para Barítono e Órgão; poema de Duarte Cruz), “Prjkt.Hrp” (para Harpa e Electrónica em Tempo Real), “Contraditório” (performance de música e dança), “¡¿Lamento?!”, (para pequeno ensemble, baseado na ópera “Dido e Eneias” de Henry Purcell), “Contos da Criação: Lilith” (oratória base-ada na relação entre Adão e Lilith segundo textos judaicos, para Narrador, Soprano, Barítono e Pequena Orquestra de Sopros; libreto de Nuno Cruz), “Flor” (performance de música e dança), “@ctb.exp#1” (para contrabaixo solo, encomendada para a 31ª edição do festival “Prémio Jovens Músicos”), “Nymphus – Mithraic Initiation Rite Number Two” (cena de ópera baseada num ritual de iniciação do culto do deus Mitra, para Mezzo Soprano, Tenor, Barí-tono e Piano; libreto de Edward Einhorn) e “The Boy Who Wanted to be a Robot” (ópera de câmara para 5 cantores e ensemble misto que conta a história de um mundo dominado por robôs, onde a humanidade está quase extinta e onde o único humano criado em laboratório pelos robôs para salvar a humanidade quer também ele se tornar num robô; libreto de Edward Einhorn).             

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