Assim, Nadir viveu de, essencialmente, dois mecanismos: composição por gestos e momentos, ou seja, secções eram compostas independentes umas das outras e depois interligadas e, estas secções, eram compostas tendo como base “gestos” – para alcançar tal usei símbolos como setas, linhas (tracejadas, contínuas, etc.), blocos negros, etc. – compus contornos, caráter e intenção primeiro e, depois, veio a notação; o segundo elemento importante, pelo menos para mim no papel de criador desta peça, foi algo que chamei de Baralho do Caos – baseado no Oblique Strategies de Brian Eno e Peter Schmidt, este é um baralho de cartas com mensagens escritas, que foi criado com a intenção de promover a criatividade e soltar os artistas de eventuais bloqueios criativos/ crises existenciais. O meu “Baralho do Caos” tem contudo uma pequena diferença, invés de ser eu a criar as soluções/ mensagens do baralho, fui recolhendo testemunhos de outros artistas/ criadores. Cada um adicionou uma mensagem que considerou “caótica” e/ou algo que ele(a) nunca faria. Dito isto, sempre que no processo da escrita de Nadir me encontrei contra uma parede, efetuava uma espécie de “ritual”, baralhava e tirava uma carta. Acontecesse o que fosse, eu teria de fazer o que dizia a carta. Assim foi.
O Baralho do Caos foi usado em Nadir cerca de 2 vezes apenas. Esta foi a primeira obra que usei este método. Nunca mais, desde então, o voltei a aplicar.