Peças Frescas 2016

Peças Frescas - Teatro São Luiz, Sala Mário Viegas

24 Fevereiro 2016

Pequena peça composta no âmbito da disciplina de composição com o Professor João Madureira em 2015. Nesta peça foi trabalhada a técnica dos modos de transposição limitada de Olivier Messiaen. Está dividida em duas partes: a primeira é baseada no primeiro modo, e a segunda parte é baseada na sua transposição. Fernando Pessoa neste poema “ensina-nos” a amar todos os momentos e recordações da nossa vida, sendo esses momentos bons ou maus. A peça no geral tem um ambiente calmo e misterioso com o intuito e intensificar a mensagem do poema: a vida é algo que não sabemos o que virá, mas que a devemos aproveitar ao máximo. “O passado pode ensinar, mas não pode ser vivido de novo. O futuro pode ser construído, mas só será vivido quando virar presente”.

Evandro Meneses

A obra foi criada durante a leitura e sob a inspiração do romance de Valter Hugo Mãe, “A Desumanização”. O livro acompanha a tragédia de uma família que perde uma das suas filhas e o processo que é desencadeado após este acontecimento, principalmente na vida e sob o ponto de vista da irmã gémea. Este é um conto maravilhosamente escrito pelo autor e muito imaginativo no tratamento da sua forma, traços e contornos. Onde é apresentado ao leitor um acontecimento que é continuamente tratado, recontextualizado, retratado e recontado por outras personagens, ao mesmo tempo que a densidade da história vai aumentando. Esta tornou-se a inspiração para uma ideia musical bastante concreta, em que a utilização de um material inicial – um “acontecimento” caracterizado por uma célula rítmica com 5 notas – ainda que inocente, sofrerá alterações na sua estrutura através de pequenas transformações e transfigurações graduais, despoletando novas perspectivas e novas paisagens. O processo que sucede a célula principal da peça alterna sempre entre o tratamento da nota solo, a utilização da simultaneadade de sons através de ataques repentinos e a “tentativa” de uma melodia. Esta melodia “tentada”, ou como que sendo ensaiada, é ouvida na secção do meio – rapidamente calada por mais um acontecimento que catapulta a música para outro local – e no final da obra, que após interrupções sucessivas de acontecimentos nunca é ouvida totalmente, precipitando o final. Aliás, como o próprio autor escreve: “Um coração por ocarina faria todo o sentido do mundo. Possa ser esse o destino de cada um, amadurecer assim o coração de percussão a instrumento de sopro. Ensaiar uma melodia até ao fim”.

Fábio Cachão

O poema de Sophia transmite-nos a melancolia e a revolta pela circularidade que a vida nos traz devido ao desejo de uma realidade diferente que teima em não aparecer, e o esforço para que isso aconteça. Esta peça fundamenta esse texto através do ambiente e da tensão escura e circulatória que constrói.

Rodrigo Cardoso

A ideia inicial desta peça surgiu da minha vontade de explorar técnicas e efeitos tímbricos possíveis de obter no violoncelo, através do uso de harmónicos. A percussão, nomeadamente o vibrafone, surge como complemento ao violoncelo, tentando fundir os timbres obtidos num discurso que se desenvolve naturalmente, como “perguntas e respostas”, mas também como contraste a esta sonoridade, através de outros instrumentos de percussão de altura indefinida.

Mariana Vieira