A propósito de Megarag dark questions
Memória descritiva
Tomei como ponto de partida o “ruído” habitual do primeiro piso da garagem da ESML e as longas horas que passei dentro do meu carro ali estacionado. Muitas vezes na escuridão, assobiando, inspirei-me nele, no “ruído”, para conceber uma série de frases improvisando. Mais tarde gravei-o, o “ruído”, para servir de suporte a toda a peça e a partir do improviso escrevi a parte de saxofone e da voz no papel. Posteriormente realizei, a electrónica, em ambiente controlado, recorrendo a um instrumentista de saxofone alto. Com este gravei uma série de multifónicos entre outras técnicas permitidas pelo instrumento que mais tarde viriam a ser manipuladas em computador, sobretudo no processo de equalização, volume e reverberação. As vozes na electrónica (versão curta) foram também gravadas em ambiente controlado.
Formalmente a peça inicia-se numa primeira secção com electrónica e algumas vozes recitatadas, depois tem um longo solo de saxofone em contraponto com as mesmas vozes recitadas, e por fim, quase de surpresa, cantado pela soprano, surge o poema na íntegra na última secção da peça.
Telmo Lopes