• Título da obra: Multidão III - Aquele
  • Partitura: Multidão III - Aquele
  • Compositor(a): Diogo da Costa Ferreira
  • Ano de Composição: 2017
  • Instituição/Pólo: Escola Superior de Música de Lisboa
  • Categoria: Ópera/Teatro Musical
  • Instrumentação detalhada: Contratenor/1(afl).0.1(bcl).0.0/1.0.0.0/1perc/hrp/1.1.0.1.1
  • Duração Total: 15'00"
  • Duração: 10 - 15 min
  • Intérprete(s): Rui Vieira - contratenor Ensemble - dir. Diogo da Costa Ferreira

Este projecto surgiu da vontade em executar uma obra para contratenor diferente do repertório praticado habitualmente por este tipo de voz. Ao longo da investigação realizada com esse objectivo, constatámos a diminuta produção de obras contemporâneas de autores portugueses – as únicas com que nos cruzámos escritas especificamente para contratenor foram a ópera “Das Märchen” de Emmanuel Nunes, estreada no Teatro Nacional de São Carlos a 25 de Janeiro de 2008, em que a personagem Fogo-Fátuo foi interpretada pelo cantor de origem inglesa Andrew Watts, e a ópera “Os Dias Levantados” de António Pinho Vargas, estreada nesse teatro a 25 de Abril de 1998, com o cantor Nicolau Domingues na interpretação de Anjo. Assim, foi feito um convite a compositores do departamento de composição da Escola Superior de Música de Lisboa para escreverem uma obra com este fim. Pedro Finisterra, Miguel Diniz e Diogo da Costa Ferreira responderam ao desafio, aos quais se juntou o escritor Nuno Cruz, colaborador habitual de Pedro Finisterra, que escreveu o libreto. A história fala-nos de Rui, um rapaz com problemas de esquizofrenia e múltiplas personalidades, e do seu percurso pela vida em convívio com as várias “vozes” que tem dentro de si. Dessas vozes destacam-se três, exploradas pelos compositores em cada uma das três partes do libreto: Pedro Finisterra em “Primeiro”, Miguel Diniz em “Vera” e Diogo da Costa Ferreira em “Aquele”. Com este projecto pretende-se estimular a criação de obras para voz de contratenor, enriquecendo o repertório que habitualmente se costuma interpretar.

Rui Vieira, Outubro de 2018

A propósito de Multidão III - Aquele

Sinopse

Entramos num ensaio geral, a preparação para um espetáculo que Rui há muito antecipava. O palco seria dele por uns momentos, e conseguia já imaginar a futura interpretação… O som, a música, o silêncio, seriam todos dele, a independência pela qual ele trabalhara durante tanto tempo. A multidão estaria lá para o aplaudir, essa ideia dava-lhe forças para continuar. Mas ele estava nervoso, tão nervoso, nunca tinha feito isto antes, não sozinho. Seria a altura dele brilhar, independentemente do medo que o pudesse assaltar neste preciso momento…

Nuno Cruz, Outubro de 2018

 

Texto reflexivo

Breve reflexão geral:
A loucura. A realidade, e a falta dela. Um indivíduo que é três, ou que não é nenhum. Várias personalidades, alter egos, ou delírio e alucinação. Dissociação. Psicose. A loucura: o caos cá dentro.
É esta a minha obra. Uma narrativa que explora a mente: os seus labirintos, o seu vigor.

Breve reflexão técnico-científica:
Tendo em conta a natureza e as qualidades do libreto, impôs-se a demanda de um novo e inédito paradigma composicional e de um novo modelo performativo que pudessem potenciar substancialmente a preterição do texto em detrimento de todos os outros componentes e elementos da obra, promovendo-se assim a
efectiva superação do libreto.
Deste modo, a partir de uma conceptualização inicial e através da realização de várias investigações e experiência musicais e performativas, conseguiu-se sistematizar um conjunto de novas regras e normas composicionais e performativas que, em última instância, se constituíram como paradigmas orientadores de todo o processo criativo e, posteriormente, de todo o processo performativo.

 


 Toda a Ópera

Multidão I - Primeiro
Multidão II - Vera
Multidão III - Aquele

Imagem do contacto

Diogo da Costa Ferreira

Escola Superior de Música de Lisboa

Compositor, maestro, professor, investigador e escritor. Desenvolve a sua actividade nas áreas de música, filosofia, psicologia, cultura e educação. Estudou Composição na Escola Superior de Música de Lisboa e, também, Direcção de Orquestra com vários maestros e pedagogos. Simultaneamente aos seus estudos musicais, estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, especializando-se em Estética e Filosofia da Arte. Estudou, também, Psicoterapia, Psicanálise e Aconselhamento Filosófico. A sua obra musical abrange vários géneros e formações, nomeadamente música de câmara, música sinfónica e ópera. O seu catálogo musical é editado pelo Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa (MIC). Enquanto escritor, publicou seis obras literárias que se encontram divididas em três colecções: cadernos experimentais da infância, cadernos de pedagogia ontológica e cadernos de babilónia. Actualmente, a sua investigação foca-se maioritariamente sobre questões de filosofia da arte, ontologia da música, fenomenologia, hermenêutica, psicanálise, ética e bioética. É membro da Associação Portuguesa de Escritores e da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica.