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Esta peça, escrita em 2000, marca uma mudança no meu modo de pensar a composição, pois decisivamente, o fenómeno de ressonância passou a ser estruturante na minha escrita. Essa ressonância não é apenas a da sala de concerto mas também a da escrita musical, onde determinados instrumentos assumem essa função na textura. Há ainda que contar com a espacialização da música pela sala de concerto, com os instrumentistas em torno do público, estando 13 clarinetes em palco e 8 (3+3+2) fora do palco, envolvendo o público (nesta versão o clarinete contralto está substituído por um contrafagote).

Formalmente a peça apresenta-se como um ritornello, A, B, A, C, A, D, A, onde o refrão, cada vez que é exposto, aparece modificado. No entanto, neste caso, não é o material motívico que aparece transposto ou variado. Aquilo que se repete é a viagem que o som e o material musical fazem pelo espaço de concerto, tornando essa espacialização estruturante e simultaneamente parte do fenómeno de ressonância que se estende, além dos fenómenos acústicos, para a ressonância dos próprios gestos musicais.