Arnheim, no Poder do Centro, aborda uma das grandes questões, com que muitos se confrontam: “Quais os fatores determinantes nas Artes Visuais?”, partindo de uma análise do “poder do centro”.
A meu ver, Arheim consegue apresentar com clareza a sua visão da existência de dois sistemas visuais: o “cêntrico”, definido nas palavras do autor por “atitude autocêntrica que caracteriza a perspetiva e a motivação humanas no princípio e que permanece”, e o excêntrico como “qualquer ação do centro primário dirigida para uma ou diversas metas exteriores, ou objetivos”; ambos derivam da forma como é percecionado o mundo e estão presentes na arquitetura, na pintura e na escultura, ao longo da historia. Este livro centra-se nas questões relacionadas com a análise da forma, sendo que os princípios de análise enunciados, podem ser igualmente usados na composição das cores ou dos movimentos.
Um Ressoar Cêntrico Dourado, foi então concebida partindo da análise da pintura de Kandinsky, tendo sido selecionados alguns centros para mim mais impressivos, dos quais, por processos de interpretação pessoal, resultaram “motivos”; para cada um deles, a escrita composicional desenvolveu-se como se de secções diferentes se tratasse. Desta forma, cada momento musical representa o instante em que pousamos o nosso olhar sobre determinado centro dessa pintura. Observamo-lo por algum tempo e assim sucessivamente passamos a um ponto seguinte e depois a um outro. No final há um vislumbre da obra pictórica no seu todo ficando assim a ecoar na nossa memória.
Solange Azevedo
17 de Setembro de 2018