Redefinition…
Nos momentos que antecederam à sua composição, estava nas salas de percussão da Escola Superior de Música de Lisboa a experimentar/improvisar em alguns dos instrumentos que lá estavam. Quando toquei no brake drum apercebi-me que o som resultante era muito interessante e rico, por isso gravei-o e analisei-o. A diversidade, na análise, do som era completamente brilhante, assim retirei algumas das notas do espectro e usei-as como principais notas da obra. No piano construí, a partir daquelas notas, acordes, melodias e contraponto. O início da obra é a combinação entre o som real, descoberto naquele dia nas salas de percussão, juntamente com a fundamental da série dos harmónicos resultante daquele som gravado. Todas as notas seguintes são resultantes da primeira nota, ou fundamental. Por outro lado, a obra possui um carácter teatral onde é pretendido mudar a imagem que recebemos, mas manter o núcleo da fonte sonora no mesmo sítio. Para isso, os percursionistas, solistas, deslocar-se-ão pelo e fora do palco para criar esta ilusão. Ainda, a rotatividade e inacabamento das coisas: nunca nada está concluído, podemos pensar que sim numa determinada altura, mas a nossa percepção poderá mudar, ou não, ao longo do tempo.
Daniel Davis
Daniel Davis
Escola Superior de Música de Lisboa
Estudou Composição na Escola Superior de Música de Lisboa com os compositores Sérgio Azevedo, António Pinho Vargas e Luís Tinoco. Terminou com o título de Mestre (2011 - 2016). Em 2014 foi nomeado Compositor Residente da temporada 2014 - 2015 da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras. Em 2016, foi o Compositor Associado do projecto Musicalmente — Música para Bebés. Recentemente foi convidado pelo Departamento de Composição e Investigação da Guildhall School of Music and Drama, para realizar o Doutoramento em Composição, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian sob a orientação dos compositores Julian, Richard Baker e Julian Anderson.