Notas sobre Estudos e Interlúdios para 6 percussionistas
A questão do ritmo pode ser formulada entre duas visões complementares: o ritmo como pulsação ou como duração. A associação excessiva entre a pulsação regular e o sistema tonal resultou históricamente numa predominância parcial da atitude favorável à anti-pulsação regular. As últimas décadas tem vindo a transformar, senão a inverter, esta posição. Parti para esta peça com a ideia de alternar Estudos sobre pulsação regular - mais lenta ou mais rápida, com subdivisões internas variáveis e modulações métricas - para usar o termo de Elliott Carter- e Interlúdios onde, face à própria natureza dos timbres utilizados- gongs e tam-tams- a expansão das figuras, mesmo que regulares, produzissem um contraste radical. A instrumentação dos Estudos priveligia instrumentos de percussão da família das marimbas e vibrafones. Cada um dos Estudos tem um problema específico ao mesmo tempo técnico e composicional, na instrutiva tradição que vai de Chopin e Debussy até ao Ligeti recente. Esta obra é constituída por 3 Estudos e 3 Interlúdios.. Foi composta na dupla perspectiva de permitir a execução de cada Estudo separadamente, dos 3 Interlúdios como peça autónoma, além da sua execução no todo na ordem da partitura: Estudo Coral/ Fractal; Interlúdio I; Estudo Cromático a) b); Interlúdio III; Estudo de Pulsação e Métrica; Interlúdio II e Estudo Coral Final. Este estudo só deve ser tocado na execução integral.
António Pinho Vargas 2000
[Neste concerto foram apresentados apenas os andamentos "Estudo Coral" e "Estudo Cromático".]
Partitura disponivel em:
https://www.editions-ava.com/pt/estudos-e-interl%C3%BAdios
António Pinho Vargas
Escola Superior de Música de Lisboa
Professor Coordenador Aposentado
António Pinho Vargas Compositor. Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Completou o Curso de Piano do Conservatório do Porto em 1987 e o Curso de Composição no Conservatório de Roterdão em 1990. Professor de composição na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1991 e Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, desde 2006. Doutorado pela Universidade de Coimbra em 2010 em Sociologia da Cultura. Foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique em 1995. Em 2012 recebeu o Prémio Universidade de Coimbra pelo conjunto da sua obra e o Prémio José Afonso pelo disco Solo II. Em 2014 recebeu o Prémio Autores pela sua obra Magnificat para Coro e Orquestra. Publicou os livros Sobre Música: ensaios, textos e entrevistas (Afrontamento, 2002) Cinco Conferências sobre a História da Música do Século XX (Culturgest, 2008) e a sua tese de doutoramento concluída em 2010: Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu (Almedina, 2011). Gravou 10 discos de jazz como pianista/compositor entre os quais os CD duplos, Solo (2008) Solo II (2009). A Naxos editou Requiem & Judas (2014), reeditou em versão digital Os Dias Levantados e Verses and Nocturnes (2015) e Monodia foi reeditado pela Warner (2015). Compôs 4 óperas, 3 oratórias para Coro e Orquestra, 18 peças para Orquestra, 28 obras de música de câmara, 8 obras para solistas e música para 5 filmes. Entre as obras mais recentes incluem-se Requiem (2012) Magnificat (2013) De Profundis (2014) Concerto para Violino (2015) Concerto para Viola (2016), Memorial (2018) e Sinfonia (subjectiva) (2019).