A obra Sopro do Côncavo foi composta no âmbito do III Concurso Nacional de Composição da Banda Sinfónica Portuguesa tendo sido posteriormente premiada e dirigida na sua estreia pelo Maestro Pedro Neves, na Sala Suggia da Casa da Música, no Porto, em Fevereiro de 2015. [em 2017 a obra foi revista pelo compositor.] De uma perspetiva muito abstrata e direcionada para a forma da peça, assistimos três momentos que refiro nestas breves notas pela importância que eles representaram para mim na estrutura poética da obra. Inicialmente o vazio que nos leva à profundidade seguida por uma panorâmica de tensão. Concretizado o nascimento da peça, ouvimos um sopro, ganhamos a coragem para proferir o verbo, somos vivos e enérgicos. No fim, contraímos o peito para dentro, pouco a pouco voltamos atrás no tempo e morremos sozinhos, como era princípio (…). Sopro do Côncavo é um olhar sobre a criação, sobre a existência que parte deste vazio despido de conforto. Uma busca eterna pela solidão que reflete o ascendente mais nobre que há em nós. Sopro é a coragem para existir e a vontade de exprimir a poesia. Côncavo é o espaço que fica por detrás da origem, é a profundidade e a nova dimensão.
Pedro Lima Soares
Pedro Lima Soares
Escola Superior de Música de Lisboa
Pedro Lima Soares nasceu na cidade de Braga no ano de 1994. Iniciou os estudos musicais no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, onde estudou Clarinete, Piano e Percussão. Aí, escreveu as suas primeiras peças como aluno de composição de Paulo Bastos. Prossegue os seus estudos na Escola Superior de Música de Lisboa, onde está actualmente a terminar o seu mestrado, estudando Composição sob orientação de João Madureira e Luís Tinoco. Trabalhou em disciplinas complementares com Carlos Caires, António Pinho-Vargas, Sérgio Azevedo, Alberto Roque, Paulo Lourenço, entre outros. Do seu catálogo destacam-se as obras “Síndrome do Pôr-do-Sol (narrativa de um paciente)” (2014) para ensemble de 4 instrumentistas; “Sopro do Côncavo” (2015) para orquestra de sopros, obra premiada no “Concurso Nacional da Banda Sinfónica Portuguesa”; “ONCE AGAIN - Eternal Goodbyes” (2015) para orquestra sinfónica, estreada na Berlin Konzerthaus e na Fundação Calouste Gulbenkian - encomenda JOP/OCP; o musical “Theatro - Um Ensaio Geral” (2015-16), resultante de uma co-criação entre três jovens compositores - encomenda Theatro Circo/Conservatório Gulbenkian de Braga; a obra “{...} e tu de mim voaste” para orquestra sinfónica, obra galardoada com o “Prémio de Composição SPA/Antena2”, estreada pela Orquestra Gulbenkian em 2016; STREAMING #1 (2017) para Clarinete solo - co-encomenda Antena2 e Prémio Jovens Músicos.